Do leitor

O VERDADEIRO AMOR REINA DIANTE DA NOBREZA

Numa antiga fazenda, no sul do estado de Minas Gerais, existia um casarão com aspecto colonial, ele foi construído no início do século passado por volta do ano 1902, por fora parecia muito os castelos medievais Europeus. Mas por dentro era só beleza e requinte, sua decoração muito luxuosa com móveis trazidos da cidade do Porto em Portugal, naquela época era referência na construção de mobiliários doméstico, trabalhados por renomados artesões, todos feitos de madeiras nobres. No seu interior havia muitos quartos, uma enorme sala de jantar, sala de música e uma, belíssima sala de jogos, além de escritórios, uma cozinha proporcional e área para os serviçais que contavam mais de 20 ao todo.

Os proprietários daquele belo casarão eram extremamente cuidadosos, pois ele por si só, demonstrava a superioridade econômica dos seus donos. Manter o casarão sempre impecável, era uma exigência de seus proprietários, Manoel Trindade e sua jovem esposa Vanusa, com quem acabara de se casar, ela vinha de uma linhagem familiar muito respeitada entre os nobres da redondeza. Manoel Trindade, tinha uma grande paixão por cavalos, e mantinha no estábulo da propriedade os mais belos exemplares de raças puro sangue a sua disposição, seu maior prazer era exibi-los em suas aparições públicas.

Um dia acordou bem cedo tomou café da manhã, com sua bela e jovem esposa e a convidou para um passeio a cavalo pela fazenda. Em seguida ordenou que o cuidador dos animais encilhasse os animais preferidos por eles, pois iriam partir em seguida para o passeio que ele imaginava seria encantador e agradável aos olhos de sua amada. Assim que montaram os belos e garbosos animais, saíram galopando um ao lado do outro, felizes trocavam olhares apaixonados, resolveram parar as margens de um caudaloso rio que banhava fazenda. O dia, mesmo sendo ainda de manhã, estava muito quente, então resolveram se refrescar nas límpidas águas que corriam tranquilamente, foi aquela festa, entre os dois jovens enamorados, brincaram jogando água um no outro conversaram, abraçaram-se trocando confidencias e juras de amor. Esqueceram do mundo, o tempo passou, quando perceberam já estava escurecendo e resolveram que já era hora de voltar para casa.

No retorno o cavalo de Vanusa ao galopar enfiou uma de suas patas num buraco e caiu sobre seu corpo, a queda foi violenta, deixando-a desacorda, Manoel entrou desespero pegou sua amada nos braços colocou seu corpo inerte sobre sua montaria, levando-a até a casa grande, imediatamente mandou buscar o médico da família. Seu rosto estampava uma profunda tristeza, o jovem esposo não se conformava com que havia acontecido, tinham passado juntos uma tarde linda e maravilhosa, chorando ele rogava a Deus pela recuperação da sua amada. Os dias iam passando e nada de Vanusa se recuperar, o desespero de Manoel só aumentava, o médico havia dito que precisaria acontecer um milagre para que Vanusa se curasse. Manoel andava de um lado para o outro dentro do casarão, passou noites e noites ao lado de sua amada sem dormir esperando uma reação, um movimento, mas, o inevitável aconteceu, numa madrugada de outono, Vanusa morreu.

Manoel descrente da vida entrou num luto profundo e mesmo com o passar dos anos não tinha olhos para nenhuma outra mulher, por mais bela que fosse, sua mãe, dona Laurita, o aconselhava a recomeçar a vida ao lado de outra pessoa, mas ele não aceitava esses conselhos. Dona Laurita organizava grandes festas e convidava as moças mais lindas da cidade, na esperança que ele se interessasse por alguma delas. A partida precoce de sua amada esposa o deixou abalado, o tempo foi passando, e lá se foram dez anos de luto.

Um dia foi contratada uma auxiliar de cozinha, para trabalhar no casarão, uma linda jovem que se chamava Carmen, era muito bonita o que logo despertou olhares de inveja e intriga entre as outras funcionárias.

Carmen fazia seu trabalho com muita dedicação, sempre alegre e sorridente, um dia a cozinheira Joana ficou doente e não pode ir ao trabalho, a família receberia visita importante para o jantar, não tinha quem preparasse uma refeição a altura dos ilustres visitantes, afinal uma casa tão bem vista e bem falada na região não poderia servir um cardápio qualquer. O mordomo saiu às pressas a procura de uma cozinheira, Carmen ouviu a conversa e informou que ela poderia cozinhar e que prepararia o jantar, dona Laurita aceitou a oferta um tanto receosa, pois a mesma era nova no casarão, e ninguém conhecia seus dotes culinários, já que ela foi contratada para ser apenas auxiliar. Carmen passou todas as orientações as demais ajudantes, o jantar preparado por Carmem era um verdadeiro manjar dos deuses. Dona Laurita a anfitriã da casa, ficou impressionada com requinte

que foi servido, as sobremesas, simplesmente divinas e saborosas, nunca havia sido servido no casarão, um jantar tão especial como aquele.

A anfitriã, mandou chamar a cozinheira a sala de sala de jantar. Todos sentados ao redor da grande mesa onde fora servida as iguarias, Carmem entra um tanto envergonhada, Manoel ficou impressionado com sua beleza nunca tinha vista essa moça no casarão, seus olhares se cruzaram, foram tecidos elogios e mais elogios sobre o jantar, Manoel, por sua vez também não, poupou elogios.

Carmen retorna aos seus afazeres, mas não conseguia tirar aqueles lindo olhos do seu pensamento, Manoel no seu quarto recordava seus momentos agradáveis com Vanusa momentos de alegria que viveram juntos, mas seus pensamentos o levava para aquela linda moça que trabalhava na cozinha. Não conseguia esquecer a jovem de olhar penetrante e esbelta, ela é apenas uma empregada, pensava ele, uma jovem sem um sobrenome nobre.

O tempo foi passando e as vezes Carmem tinha que servir o jantar a família, os olhares dela e do jovem Joaquim se cruzavam o desejo e o amor aflorou entre os dois e aumentava, dia após dia, mas Manoel relutava contra esse este sentimento, mas não conseguindo disfarçar sua paixão por Carmem.

Muitas vezes arrumava uma desculpa qualquer para ir até a cozinha, somente para vê-la mais uma vez, pedia um café ou uma xícara de chá e cada vez mais ele aproximava da jovem donzela, Carmem por sua vez pensava o que um homem rico e bonito iria querer com ela? Logo ele, que era desejado por todas as moças das redondezas.

Um dia caiu um grande temporal sobre a fazenda, Carmem não estava em casa, havia sado para colher algumas hortaliças, o mordomo avisou, ao senhor, que ela não havia voltado para casa, Manoel saiu embaixo da chuva para procurar a jovem cozinheira, desesperado e todo encharcado ai chamando pelo seu nome até que a encontrou caída ao chão.

Mais uma vez estava na eminência de novamente perder a mulher amada, pois no fundo do seu coração, sabia que amava aquela moça. Ao chegar no casarão mandou arrumar um dos quartos de visitas e ordenou aos outros funcionários que cuidassem de Carmem com todo cuidado e que chamassem o médico para dar o diagnóstico sobre a saúde da jovem.

Dona Laurita, percebeu o sentimento que Manoel nutria pela jovem cozinheira e claro, ela não aceitava, mas ele enfrentou sua mãe e não saiu do lado de sua amada até que ela se recuperasse.

Quando Carmen ao acordar viu que seu amor estava ao seu lado e trocaram longos beijos e abraços, já recuperada ela retornou aos seus afazeres na cozinha.

Todos no casarão comentavam que ele jamais iria assumir esse amor, por ela ser pobre, os outros ajudantes riam e debocham da situação. Ela por sua vez, resolveu ir embora, procurar trabalho em outro lugar, longe do casarão, onde tentaria esquecer aquele amor impossível. Arrumou suas coisas e saiu sem rumo. Manoel, não conseguia esquecer Carmem, o amor queimava dentro do peito, ele nunca tinha sentido uma paixão assim, desde ficara viúvo, porque não viver esse amor, ele se perguntava. Mesmo longe, esse sentimento só aumentava, já não cabia mais dentro do peito.

Numa noite de lua clara, não conseguiu dormir, rolava de um lado para o outro na cama e só pensava naquele beijo, no seu cheiro, no seu abraço, levantou bem cedo encilhou seu cavalo e foi em busca de sua amada, encontrou Carmen trabalhando em um vilarejo, de um salto desceu da montaria tomando a nos braços, deu um forte abraço enquanto dizia o quanto a amava, que não sabia mais viver sem seu amor e queria ser feliz do seu lado. Manoel enfrentou todos da família que se opunha a esse casamento, enfrentou as diferenças sociais existentes entre eles, para viver esse grande amor ao lado de sua amada. Casaram e construíram uma linda família e foram felizes para sempre.

FIM

Aldeny Alves Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela UFMT, graduação em Pedagogia pela FAERP.(Faculdade entre Rios do Piauí), pós-graduação em Saneamento Ambiental, pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, pós-graduação em Ludopedagogia pela Prominas, pós-graduação em Autismo pela Dom Alberto e contista em Rondonópolis.

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