Do leitor

Na roça, vida de criança é assim.

Por Aldeny Alves Oliveira e José Carlos Garcia

A vida na roça, é uma vida simples e humilde, mas cheia de peripécias e aventuras, me lembro também como era difícil viver na roça, nada era fácil.

O pai lavrador, precisava plantar e colher para sustentar a família, a mãe tinha que cuidar dos afazeres da casa e ainda ajudava na roça, pense numa mulher guerreira e trabalhadora, pense em mulher do campo, que são por si só fortes e destemidas, hoje digo que minha família em boa comparação seria uma cópia fiel da Família Buscapé, (quem lembra desse filme?), cinco filhos, quatro meninas e um menino. Todos iam para a roça acompanhando a mãe, mais parecia um cordão de meninos (as) um atrás do outro, em fila indiana, uma escadinha, sempre um aprontando peraltices com o outro, procurando frutas nativas no mato em volta da estrada, para saborear, comíamos de tudo que os passarinhos comia, recomendação da matriarca, tudo que passarinho come, pode comer também, não é veneno.

Ao chegar na roça, íamos todos para o rancho de beira chão, onde eram guardados as ferramentas e os utensílios da labuta diária, como enxada, foice, fação, cabaça de água. Enquanto pai e mãe trabalhavam no roçado, molecada aprontava suas artes, andavam encima dos paus caídos pelo chão, pintávamos uns aos outros com carvão, somente os olhos e os dentes ficavam brancos, no meio daquela fuzarca toda. No auge das brincadeiras, esquecia até do banho seria tomado na bica, com água quase sempre muito fria, dessas de bater o queixo, mas a diversão compensava. Pelo finalzinho da tarde, o sol já se pondo no horizonte, era hora da obrigação, que consistia em colher aboboras, juntar o milho e as vezes até bananas que eram levados para tratar dos animais, parte servia também de alimento para a própria família.

Após o jantar, o milho era assado na brasa do fogão a lenha, pensa na delícia, um verdadeiro manjar dos deuses!

Nós mesmos fazíamos nossos próprios brinquedos, usando como matéria prima, o sabugo e a palha de milho, galhos de árvore e tudo que tínhamos à mão e que a imaginação nos permitisse criar, era muito divertido usar a imaginação para brincar.

Escalar os pés de frutas do quintal, para pegar a que tivesse mais alto, lá na grimpa como costumávamos falar, as que ficavam na ponta dos galhos eram as mais cobiçadas, a criançada até pareciam macacos, escalando os galhos e ignorando todos os riscos possíveis. Hoje, observo aquelas mangueiras imensas e fico a imaginar o quanto éramos loucos. Agora adulta, não tenho mais a coragem de antes, avalio os riscos e o medo me toma conta, já não tenho mais a agilidade de quando criança, o corpo mais pesado e um pouco mais de juízo na cabeça. Mas, ser criança é assim, desafiar o medo e arriscar, se não tentar, nunca saberá se irá conseguir, ser criança é sem sombra de dúvida, a melhor fase da vida.

 

Aldeny Alves Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela UFMT, graduação em Pedagogia pela FAERP.(Faculdade entre Rios do Piauí), pós-graduação em Saneamento Ambiental, pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, pós-graduação em Ludopedagogia pela Prominas, pós-graduação em Autismo pela Dom Alberto.

José Carlos Garcia é jornalista em Mato Grosso

desde 1976. Formado na universidade da vida e da lida.

 

 

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