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Paulo Prado defende punições duras para pedófilos, mas é contra perpétua e pena de morte

O procuradot também critica o uso indevido do manicômio judicial e reafirma sua crença na recuperação humana, com responsabilidade.

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O debate sobre crimes sexuais contra crianças frequentemente desperta reações extremas na sociedade. Pede-se prisão perpétua, pena de morte, castração química. Mas para o procurador de Justiça Paulo Prado, da Procuradoria Especializada na Defesa da Criança e do Adolescente, o caminho da justiça deve ser firme, mas também racional e constitucional.

Cristão convicto, Prado afirma que acredita na recuperação de pessoas, mas não minimiza a gravidade de crimes como a pedofilia. “Eu sou cristão, acredito na possibilidade da recuperação”.

Questionado sobre a ressocialização de pedófilos, ele é direto ao defender penas longas como etapa prévia indispensável para qualquer tentativa de reabilitação. “Desde que ele cumpra uns 20 anos de cadeia… ah, depois de uns 20 anos de cadeia, vamos trabalhar nesses 20 anos de cadeia a ressocialização dele”.

Apesar de defender punições pesadas, Prado se posiciona contra a prisão perpétua — por convicção e por respeito à Constituição Federal, que veda expressamente penas cruéis e definitivas, assim como a pena de morte.

“Perpétua não. Eu acho que perpétua aí já… a Constituição nossa não permite, né? Nem pena de morte, nem perpétua.”

Na entrevista, o procurador também se mostra crítico ao uso indiscriminado do manicômio judicial, muitas vezes sugerido como destino para autores de crimes hediondos, como se isso fosse uma alternativa terapêutica ou de segurança pública.

“A maioria dessas pessoas, o problema delas é realmente o desejo de manter relação. São inteligentes, são pessoas… Tá cheio de pedófilo aqui na sociedade que nós não sabemos. Tá cheio de abuso sexual que ninguém denuncia.”

Para ele, o manicômio pode acabar sendo, em alguns casos, um “presente” para quem comete crimes graves e consegue se esquivar da responsabilidade penal alegando algum transtorno mental.

“Então, não é… muitas vezes o manicômio pode ser um presente para esse tipo de gente. Desculpe a minha sinceridade.”

Paulo Prado critica ainda a forma como muitos tentam se esquivar da culpa após serem flagrados por crimes sexuais contra crianças. Um comportamento recorrente que, para ele, representa um desrespeito até mesmo aos que realmente sofrem com doenças mentais.

“Você já percebeu que quando essas pessoas são pegas, todo mundo vira louco? Desculpe com a expressão, até em respeito aos loucos, né? Porque geralmente eles não são pedófilos, né?”

Sem romantizar o crime, nem recorrer a soluções populistas, o procurador aposta em um sistema de justiça firme, com penas longas, responsabilização real e uma política de reabilitação que ocorra dentro da legalidade.

“Tem pessoas aí de diferentes camadas sociais, de diferente condição social, que praticam abuso e a gente não sabe. E convive conosco no dia a dia. Frequenta os mesmos lugares que nós frequentamos. E não sabemos.”

Para ele, o enfrentamento ao abuso sexual infantil deve ser implacável, mas sem abrir mão dos fundamentos que sustentam o Estado Democrático de Direito.

Leiagora
Foto: Agora Pod / Leiagora

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