Opinião

A narração de um gol

Eu era aluno de um colégio bacana, novo, em formato da letra “U” e enorme para aquele tempo, numa cidade baiana. O ano era 1977 e fui orientado a fazer a leitura de uma crônica num livro que foi adotado pela classe. Eu já tinha certo gosto por leituras diversas, como revistas em quadrinhos, bolsilivros de faroeste e espionagens, fazer palavras cruzadas e acrósticos, mas aquela crônica me deu a energia que faltava para eu entender que era possível colocar num papel uma passagem, uma ação ou até mesmo o lance de um gol.
Martelava na minha cabeça aquele texto, até porque eu jogava futebol naquele mesmo colégio com outros amigos, nos intervalos ou em aulas vagas. Os alunos jogavam bem, mas eu era para completar o time, mas acabei tomando gosto pelo futebol, no entanto vi meus colegas de sala se sobressaírem naquele esporte, inclusive jogando nos famosos times da cidade, e eu apenas ia assistir e aplaudir.
Ouvia as narrações dos locutores de rádio das partidas de futebol, principalmente dos times do Rio de Janeiro. Depois de algum tempo, comecei a pensar sobre a possibilidade de fazer alguns textos e até fiz alguns poemas e iniciei algumas crônicas, tanto na cabeça, como nalguns papeis que ficaram perdidos nas mudanças, e foram tantas mudanças que talvez sejam mais que os próprios textos. De escola, de casa, de rua, de bairro, de cidade, de estado, mas acabei mesmo foi voltando para a terra onde nasci, quando aflorou, depois de alguns anos a vontade de jogar nos papeis esses pensamentos. Joguei.
E não é que já escrevi duas crônicas sobre dois gols de importantes futebolistas. No primeiro eu vi o gol descrito com os meus olhos naturais e que a terra haverá de comer e, o segundo consegui transportar para um texto, o belíssimo gol agregado a história da viagem para a concepção do jogo na divisa com a Bolívia, contada pelo próprio centroavante matador.
Aos dois autores dos tentos apresentei os textos e ambos teceram elogios que considero imerecidos, uma vez que são eles os protagonistas, que me permitiram criar uma forma de contar as histórias, e que o leitor pudesse entender, entreter e se achar na beirada do gramado, se é que haviam gramas, pois a dúvida é suscitada.

Hermélio Silva – Formado em Marketing, escritor com 24 livros publicados. Membro fundador da Academia Rondonopolitana de Letras – ARL, cadeira nº 06. Membro do Comitê Nacional de Cerimonial Público – CNCP. Secretário de Comunicação da Câmara Municipal de Rondonópolis (2015 e 2016, 2018…).

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