Conheça a Kombi corujinha que só teve uma unidade produzida no Brasil

Modelo cabine dupla três portas foi projetado e construído por uma concessionária de Belo Horizonte

Apesar de ser um veículo extremamente versátil e contar com diversas configurações, a primeira geração da Volkswagen Kombi nacional — carinhosamente apelidada de Corujinha — nunca teve uma versão cabine dupla produzida no Brasil. Existem algumas unidades de época deste modelo circulando pelo país atualmente, mas são todas importadas da Alemanha.

Porém há registros de que uma única unidade neste desenho chegou a ser produzida, ainda que fora dos portões da fábrica da Volkswagen na Rodovia Anchieta, em São Paulo. A primazia coube à concessionária Carbel, de Belo Horizonte (MG), nos anos 1960 – a revenda inclusive existe até hoje.

Assim como o modelo alemão, adaptação brasileira tinha só três portas — Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva

São três fotos registradas na época por Raimundo Couto e Silva, mais conhecido pelo pseudônimo Visconde de Ouro Preto, renomado jornalista automotivo da capital mineira. Essas imagens foram doadas ao acervo do MIAU, o Museu da Imprensa Automotiva, por seu filho, Raimundo Couto, que seguiu os passos profissionais do pai.

Não há qualquer registro de informações a respeito da produção e destino do modelo, mas pelas imagens é possível identificar diversos detalhes. O primeiro é que esta Kombi corujinha cabine dupla foi claramente produzida a partir de uma versão passageiros, chamada à época de Standard, e não tendo como base um modelo pick-up, como seria de se esperar.

Isso porque essa Kombi exclusiva não possuía as tampas laterais que se abaixavam para ajudar a acomodar a carga como na versão pick-up – e também na cabine dupla alemã. Pode-se notar claramente que a carroceria foi cortada na altura do vinco lateral, rente às janelas, o que deixou a linha do acesso à caçamba bem mais alta. Pode-se perceber ainda que parte da tampa traseira superior original foi mantida, mas com sistema de abertura invertido, de cima para baixo, para dar melhor acesso à área de carga.

Vários detalhes eram exclusivos, como o vidro curvo traseiro original da Kombi Standard — Foto: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva

Outra exclusividade notável é que, ao contrário do modelo alemão, foram mantidos os vidros traseiros curvos das laterais da versão de passageiros da Kombi, resultando em um aspecto visual bastante interessante e inovador. No geral, aliás, o trabalho parece ter sido muito bem feito na oficina da Carbel — parece mesmo um modelo de fábrica.

Ao que tudo indica, a Kombi que deu origem à cabine dupla era um modelo luxo, pela pintura em dois tons, forrações de portas e frisos. Aparentemente trata-se de um modelo do fim dos anos 1960, possivelmente 1968 ou 1969.

Outro detalhe inesperado são as saídas de escapamento: essa Kombi única está com o escape em duas saídas utilizado no Fusca (para a Kombi tradicional a versão utilizada trazia apenas uma saída). É mais um diferencial muito interessante do modelo.

Para finalizar a carroceria está pintada com grandes logotipos da própria Carbel nas laterais, o que indica que o modelo não foi produzido para um cliente mas sim para uso interno da própria concessionária.

A Kombi cabine dupla de fábrica só foi oferecida pela Volkswagen a partir de 1981, já no modelo conhecido como Clipper, e podia ser equipada tanto com o motor 1600 refrigerado a ar como diesel refrigerado a água. A versão cabine dupla da Kombi nacional, entretanto, durou só até 1986

Por Marcos Rozen

Fotos: Acervo MIAU Museu da Imprensa Automotiva 

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