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Micro e pequenas empresas empregam mais que multinacionais, diz Sebrae

Sete em cada 10 vagas de trabalho criadas em maio no Brasil vieram de micro e pequenos empreendedores

Levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a partir de dados do Sistema do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), aponta que 7 em cada 10 vagas de trabalho no Brasil foram criadas por micro e pequenas empresas (MPEs).

Dos 155 mil novos empregos criados no país em maio, mais de 108 mil foram gerados pelas MPEs, enquanto as grandes e médias empresas somaram apenas 23 mil postos de trabalho.

“A pandemia afetou muito os micro e pequenos empreendedores, que foram ainda mais afetados com a inflação que enfrentamos”, analisou o sócio da Acqua Vero Investimentos Ricardo Guerra.

De acordo com ele, os microempreendedores têm papel fundamental na geração de empregos no país.

“As micro e pequenas empresas (MPEs) desempenham um papel crucial na geração de empregos formais, pois são responsáveis por mais de 50% das carteiras assinadas no Brasil e isso faz desses empresários serem fundamentais para a economia brasileira. Eles têm um impacto significativo no mercado de trabalho e contribuem para a redução do desemprego”, explica.

Guerra explicou ao Metrópoles que a geração de emprego é afetada por uma série de fatores, como o tamanho do corte na taxa Selic, a ser feito pelo Banco Central do Brasil (Bacen), pois “os juros altos podem prejudicar o crescimento econômico”, e o fato de o governo federal ainda não ter apresentado um sinal para o corte de gastos públicos.

Confira sete dicas de Ricardo Guerra para uma melhor gestão do seu negócio:

  • Avalie se seu modelo de negócio atende às novas necessidades e vida dos clientes;
  • Intensifique seu relacionamento com os clientes;
  • Cuide melhor (e diversifique) da logística dos fornecedores;
  • Monitore as finanças da empresa;
  • Repense e analise criteriosamente em caso de investimentos;
  • Atente-se às tendências;
  • Preze pela flexibilidade.

Além disso, mensalmente, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) produzem a Sondagem das Micro e Pequenas Empresas que, em junho, registrou avanço de 5,8 pontos percentuais (p.p) em relação a maio, no que diz respeito à confiança dos MPE.

Foi a maior variação desde a oficialização da pandemia de Covid-19 no país, em agosto de 2020, dos quais muitos empreendimentos ainda se recuperam. O empresário Luciano Moura, dono do café Brasileirinhos em Brasília (DF), foi obrigado a vender uma de suas lojas para superar a pandemia, mas está mais confiante na recuperação do negócio.

“A gente chegou a fechar uma loja que era no Corporate, bem maior. Eu já tinha ambas as lojas há mais de vinte anos. Agora, depois da pandemia, estamos voltando a nos recuperar e os equipamentos que guardei estão na espera de um momento de ampliação”, afirma o empresário do café Brasileirinhos, Luciano Moura.

Questionado do porquê, diferentemente de muitos negócios, o seu empreendimento conseguiu prosperar a uma época tão turbulenta no país, a revelação: foco nos estudos. “Estudei muito na pandemia, então tenho muita coisa pronta em mente para por em prática. Muitas ideias. Por exemplo, antes não tinha o cardápio digital ou sistema de gestão que temos agora e, graças a ele, temos recebido muitos pedidos”, analisa.

O segmento mais afetado pela pandemia nos pequenos negócios foi justamente o de alimentação e, por isso, negócios atrelados a este serviço devem ficar atentos, é o que observa o especialista em empreendedorismo e presidente do Instituto João Diniz, João Diniz.

“O segmento que mais absorve mão de obra é o de alimentação. Esse setor, de todos, foi o mais afetado pela pandemia também. Devemos ter o entendimento de que ainda teremos alguma dificuldade no crescimento das pequenas e médias empresas principalmente desse setor”, revela João Diniz.

“Devemos ter mais políticas que protejam o crescimento desses pequenos empreendedores”, ressalta Diniz ao Metrópoles. “Apesar de serem os que mais absorvem mão de obra, o número de MPEs que não prosperam também é muito alto”, alerta.

Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, os empreendedores já têm percebido a melhora na economia, ainda que o Banco Central mantenha a taxa de juros em uma elevação “injustificada”.

“Os donos de pequenos negócios já estão percebendo a melhora na economia, o que reduz o pessimismo futuro. Além disso, eles acreditam que o Banco Central terá sensibilidade e reduzirá a taxa de juros, que está sendo mantida em um patamar injustificável”, analisa o presidente do Sebrae, Décio Lima.

No entanto, ele também ressalta que a confiança desses micro e pequenos empreendedores pode mudar caso o cenário da taxa de juros não mude. “Mais dificuldades no acesso a crédito, menos consumo e dinheiro circulando na economia e redução de empregos. Esses são alguns dos reflexos de como a taxa básica de juros afeta diretamente as micro e pequenas empresas. Para que o horizonte favorável seja mantido, é preciso que o Banco Central faça a sua parte”, ressalta o presidente do Sebrae.

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