GeralOpinião

Mulheres em 2023: ‘Não quero ser chamada de guerreira. Vida não é só luta, também é prazer’

 

Comemoração de 1 ano do lançamento da Diversa+ recebeu lideranças para bate-papo nos estúdios do Grupo ND.

As apresentadoras da live Diversa+, Luciana Barros e Karina Koppe (centro), com as convidadas Bruna Fani Duarte, Fernanda Quadros e Letícia de Assis.

 

Cinco mulheres se reuniram para debater o futuro feminino na live da Diversa+ na quarta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher. A conversa abordou a maternidade, tabus que já foram quebrados e a jornada tripla de muitas mulheres.

 
 
 

O papo foi conduzido pela editora do Portal ND+ e apresentadora do podcast aDiversa, Luciana Barros, e a repórter da NDTV Karina Koppe. As jornalistas trouxeram dados e conquistas recentes, como a lei que criminaliza o feminicídio e as mudanças nos critérios para realização da laqueadura.

No entanto, nem sempre os direitos são exercidos. Foi o que exemplificou a psicóloga Fernanda Quadros: “Apesar de a gente reconhecer algo por lei, isso não efetiva a realidade”, disse a especialista, que lembrou de comentários depreciativos, que afirmam, por exemplo, que mulheres não querem trabalhar em serviços braçais.

“Quando a gente fala de equidade, a gente quer ter o mesmo direito que os homens, mas quer ser respeitada na nossa individualidade. Além do trabalho, a gente carrega os filhos, a casa, a sobrecarga emocional.”

Bruna Fani Duarte, mencionou que os direitos adquiridos também significaram serviços acumulados.  A doutoranda em antropologia social ressaltou a necessidade de se repensar a visão sobre mulheres, principalmente as mães.

“Maternidade é uma dupla jornada de trabalho. Quando uma criança está em condição de violência, a gente sempre olha para a mãe, nunca para o pai ou comunidade”, afirmou.

Letícia de Assis, doutoranda em estudos de gênero da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), reforçou que o debate sobre o futuro feminino é atravessado pelas diferenças entre mulheres, como por exemplo os diferentes desafios que negras, deficientes e gordas enfrentam. A educadora, que estuda também a gordofobia, exemplificou.

“Pessoas gordas têm corpos marginalizados, são corpos que precisam se combater. A gente não quer ser patologizado por ser diferente.”

Para onde vamos

Questionada sobre os avanços, Assis ressaltou a própria mudança de significado do Dia Internacional da Mulher.

“Antes a gente ficava só na rosa, na comemoração. Pode ter, mas não pode ser restrito a isso. Agora, até os homens se apropriaram do sentido de luta e simbólico que esse dia carrega. Essa data já passou por uma conscientização coletiva, já melhorou muito nesse sentido.”

Duarte contestou o elogio de “guerreira”. Segundo ela, apesar de comum, o termo evidencia a sobrecarga feminina.

“Eu estou cansada de lutar, não quero ser chamada de guerreira. Não é só lutar, é a gente também estar aqui, ocupar os espaços, brilhar, lembrar que a nossa vida não é só luta, também é prazer. Eu acho que o prazer é revolucionário, ser feliz é revolucionário. Chega!”

Sobre o futuro, Quadros completou.

“Sozinha a gente vai mais rápido, mas em grupo a gente vai mais longe.” E propôs: “É necessário acabar com os muros e construir pontes. A gente precisa de pontes e aliados”.

Assista ao papo na íntegra

 
R7/ Com

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *