Do leitor

O PODER DA “PALAVRA”

Por Wilse Arena

Tem algo mais forte e até mais humano que dizer para uma pessoa que está agonizando que ela vai ficar bem? Que aquela dor, ou seja lá o que ela estiver sentindo, vai passar?

Pois bem, a partir dessa premissa, tem muita gente de má fé que se aproveita de pessoas frágeis, desiludidas da vida, cansadas de lutar por um futuro melhor que, confusas, nem sabem mais em que ou em quem acreditar, mas estão sempre à espera de um “milagre”. E é exatamente isso que tais pessoas garantem: um milagre! Mas, para tanto, os (as) desiludidos (as) e ansiosos (as) devem fazer parte de uma determinada congregação religiosa e seguir todas as regras estabelecidas e, claro, contribuírem financeiramente para que a instituição e/ou organização possa se manter e ser ampliada.

E é assim que é mais fácil ver uma igreja lotada do que um grupo de estudos, por exemplo. Poucos se interessam em estudar filosofia ou sociologia que poderia contribuir para compreenderem   melhor a realidade, os meandros do poder e se engajar na luta por mudanças nas relações de poder e, quiçá, conseguirem avanços significativos nesse sentido. Preferem apostar em milagres que,  provavelmente, nunca se realizem do que estudar as origens mais profundas de seus males e partir para uma ação política mais efetiva, ”Deus proverá” se torna  lema”, mas poucos estão dispostos a fazer sua parte. 

Acontece que discursos desta natureza e veiculados por certas congregações, que se utilizam também de mídias eletrônicas, são muito convenientes, porque são  homofóbicos, misóginos e machistas, como convém às sociedades conservadoras e, nesse contexto, muito convincentes: você é um escolhido de Deus e tudo que acontece em sua vida é para seu crescimento pessoal; padecer na Terra é garantir um lugar especial no reino do céu;  sua alma será salva e terá recompensa material em vida, DESDE QUE pague o devido dízimo e por aí vai. Além disso, há uma rede de ajuda mútua no que diz respeito a desempregados, dependentes químicos, violência doméstica, enfim, tudo que contribui para o bem estar social informal, suprindo falhas do Estado nesse sentido.

E como não ser cooptado e/ou competir com a Palavra da Salvação, não é? 

 (*) Wilse Arena da Costa é professora, doutora em Educação. Palestrante, escritora e membro Fundadora da Academia Rondonopolitana de Letras/MT, Cadeira n° 10  

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