Opinião

O que aprendi com o coronavírus.

Depoimento de uma pessoa curada da Convid-19

Em meus 49 anos de existência, mesmo diante de inúmeras lutas, hoje vejo que todas vencidas, em meio a tantos contratempos, tantas peças que o destino já me pregou, nunca houve dentre esses, momentos de maior reflexão sobre a vida.

Todos os outros obstáculos durante meu percurso nesse mundo ficaram pequenos diante desse vírus que não provêm de Deus, mas que Deus nos dá a oportunidade de refletir, repensar sobre tudo e sobre todos, se soubermos entender isso.

O Coronavírus – COVID-19 chegou sorrateiro, avassalador, vindo de outros lugares, no organismo de outras pessoas, enfim tomando conta do ar que respiramos, pois começa a nos sufocar no uso da máscara, essa que nos cobre a boca para que falemos menos e sem cuspir no interlocutor, palavras raivosas e sem volta.

Máscara essa, que nos cobre o nariz, nos obrigando a forçar a entrada do oxigênio que vem das plantas, da natureza, essa que destruímos cada segundo com o lixo que depositamos no meio ambiente, com a devastação e assoreamento dos rios e lagos, com o fechamento das nascentes.

Daí vem a obrigação do uso dessa máscara, em decreto e resoluções parlamentares, pois sem regras impostas não cuidamos de nós mesmos, de nossa segurança e dos nossos familiares. Ah! Tamanha é a inconsciência do ser humano e estupidez diante de tão maravilhosa vida que Deus nos proporcionou!

Aprendi com a COVID-19 sentindo na pele também, pois claro que queria me dar uma lição e deu! Aprendi que a liberdade não se trata de sair por aí gritando aos quatro ventos: – EU SOU LIVRE! Ser livre é maravilhoso, mas junto com a liberdade vem a responsabilidade.

Aprendi que a responsabilidade anda junto com a liberdade, pois é necessário que cuidemos da liberdade do próximo, que cuidemos da terra que pisamos sendo livres e, principalmente do ar que respiramos ao sugar os ventos libertadores.

Aprendi com a COVID-19 que não somos nada, nadinha sem a fé de que há um Senhor, um ser de amor maior que se compadece de seus filhos, um Deus compassivo, caridoso e que nos protege, abençoa, chora com nossas dores, sorri com nossas alegrias e perdoa nossas falhas sempre e, sempre no dando a chance de refletir e nunca enxergamos ou não queremos enxergar.

Aprendi que não há religião, crenças, cor, raça ou credos que nos tornam diferentes uns dos outros. A COVID-19 não faz acepção de pessoas, não distingue classe social nem inverte valores. Ele destrói todas as chances da imposição da prepotência, ganância e toda forma de agressão do ser humano ao ser humano.

Aprendi que ter um espaço no mundo é glorioso, mas que esse espaço poderá ser tornar tão pequeno e tão inútil quando não respeitamos o espaço do outro.

O vírus chegou, pairou nas incompetências governamentais, na corrupção formalizada, na mesquinharia globalizada, se enroscou na discriminação e afetou a economia. Avassalador! Ele chegou e mostrou ao mundo inteiro que mesmo que haja muitas riquezas, se ainda houver a falta de caráter, a falta de amor ao próximo sem ressalvas, de nada adiantarão os cofres milionários.

Aprendi o valor do sol que reclamamos a sua fortaleza e seu reflexo vitamínico que nos aconchega a imunidade, o valor da brisa ao abrirmos a janela da empáfia e ingratidão a tudo que possuímos. Aprendi que não somos donos de nada, não temos nada que é definitivamente nosso. Tudo provem de Deus e é de Deus. Alguns questionam, seria então um castigo de Deus? Afirmo que não! Deus é amor, quem ama não castiga, apenas coordena, instrui aos bons caminhos, previne, presenteia com a vida que é nosso maior tesouro!

Aprendi que não sou de ferro, que não posso suportar todas as cargas que nos impõem, que preciso dizer NÃO, quando se fizer necessário, que se fizermos a parte que nos competem com amor e dignidade estaremos preenchidos, completos.

Aprendi que a família, os amigos são essenciais para nossa caminhada e, que as brigas, discussões e imposições de nossa maneira de ver a vida não nos leva ao rumo da felicidade. E que felicidade é uma junção de momentos felizes, onde, para que isso aconteça não tenhamos que pisar no outro. Existe um caminho para todos, portas e janelas abertas para todos, cabe a nós a decisão de fechá-las ou não.

A COVID-19 me ensinou que a dor física não se compara à dor da alma e, que o controle da nossa mente é essencial e vital. Controle esse que nos faz novamente refletir sobre o que fazemos com nosso autocontrole diante das adversidades da vida.

Ensinou-me a entender a exata medida entre os sentimentos, seja de amor, rancor, ódio ou ressentimentos que, se alargam num só movimento de concepções: o amor gera amor, a gentileza gera gentileza, a violência gera violência, o rancor, o ódio e ressentimentos geram terríveis e incontroláveis doenças.

Aprendi também que não temos que obrigar ninguém a ser como gostaríamos que fossem, ou seja, do nosso jeito para que as coisas se tornem perfeitas. Entendi que o amor está nos pequenos detalhes e, nos pequenos detalhes é que perdemos o amor.

Resumindo, aprendi que devemos ser solidários, leais, parceiros com todos sem distinção, que mesmo não sendo correspondidos como gostaríamos, que saibamos respeitar e tolerar, seguindo em frente, em silêncio, pois essa é a melhor resposta para grandes interrogações.

Aprendi também que de alguma maneira em toda a humanidade deve haver grandes mudanças, seja de cultura, de comportamentos individuais e coletivos, conscientização de nossas ações em torno de tudo que respira VIDA!

Aprendi que o valor de um abraço, de um beijo é grandioso, um afago, um sorriso aberto e contagiante faz toda diferença. Ah! Aprendi também a decifrar todas as emoções em um olhar e, como é lindo o sorriso do olhar!

E aproveito para agradecer a Deus, a oportunidade de estar de volta à vida e, também pela oportunidade de me revelar grandes e maravilhosos amigos.

Agradeço aos profissionais da saúde que estão se desdobrando com muita garra, com seus limites ultrapassados e, mesmo sem garantia de seus direitos e com insuficiência de condições de trabalho digno, se superam para cuidar das pessoas doentes, se privando até mesmo dos cuidados familiares. A eles a paz e bênçãos de Deus.

Agradeço a oportunidade de realmente conhecer e acreditar na família que tenho. Fui muito bem cuidada e, desejo do fundo do meu coração que todos sejam cuidados por seus familiares com o mesmo amor e dedicação que eu fui e, contar com o apoio de tantos amigos, inúmeros.

E quero pedir aos nossos governantes, que olhem para tudo isso que estamos vivendo com amor fraterno e transformem os dias das pessoas que estão sofrendo com essa doença, com as perdas de entes queridos, em dias suaves e menos doloroso com tudo aquilo que merecem de bom e que a humanidade se acresça do espírito do amor e da caridade.

O acolhimento e os ensinamentos de Deus deverão ser repassados sempre, independente de religião.

Que a paz de Deus reine sobre a face da terra, que esse vírus seja exterminado e que as consciências sejam modificadas, pois “Deus nos deu vida e, vida em abundância”. Saibamos aproveitá-la da melhor maneira

Esta é uma singela contribuição a todas as pessoas que se interessarem em fazer a leitura.

 Agna Aparecida do Amaral Cerqueira é servidora pública. Testou positivo ao COVID-19 e é vencedora em Deus.

 

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