Opinião

Onde está a mão de obra profissional?

 

Pasmem, segundo a pesquisa ManpowerGroup a falta de mão de obra qualificada no Brasil atingiu a marca de 81% em 2022, superando até mesmo a média global de 75%. A não ser que eu esteja enganado, essa pandemia nos deixou a sequela mais relevante de todas, a mão de obra profissional. O mercado levou um susto no início, mas depois se adaptou e voltou a dar uma aquecida, inclusive alguns setores estão lucrando mais do que antes da paralisação.

Sem contar que algumas empresas fizeram da pandemia uma nova oportunidade, mas o fato é, aprendemos a lidar com a Covid (em grande parte) e neste exato momento muitas corporações estão recontratando. Esse fenômeno acontece porque muitos profissionais foram desligados de seus cargos e com a reaquecida nas vendas, principalmente por causa das festas de final de ano, encontramo-nos em um cenário há pouco imaginado, as empresas estão precisando contratar, mas faltam profissionais!

Posso dizer com propriedade, aliás, essa é uma das minhas maiores especialidades e trabalho com Recrutamento & Seleção há muitos anos: precisamos de mão de obra urgente! A demanda aumentou e as empresas estão solicitando profissionais para as vagas em aberto, só que, inexplicavelmente após essa fase, muitos profissionais “sumiram” do mercado de trabalho.

Outro detalhe, é a qualidade dos candidatos que estão encaminhando currículo. Infelizmente, muitos não conseguem nem mesmo preencher corretamente seus dados, ou zeram em testes específicos para a função. Como contratar um enfermeiro, por exemplo, que não sabe nem como “receber” o paciente e não entende nada dos procedimentos? Aliás, a mão de obra qualificada é importante justamente pela sua especificidade.

É óbvio que, na maior parte dos casos, foram desligadas as pessoas que não tinham preparo ou qualidade técnica acima que os demais colaboradores, porém essas mesmas pessoas deveriam ficar atentas, afinal em uma seleção interna elas já ficaram para trás. O que tenho observado é que muitos não se preocupam em se desenvolver e se qualificar, estão totalmente acomodados e vivendo de uns trocados.

A pandemia ensinou as pessoas a viverem com bem menos, e assim elas seguem, fazendo “bicos”, dando um jeitinho e esperando auxílios. Tenho divulgado muitas vagas com salários bons, mas tenho recebido muitas respostas do tipo: com esse valor eu continuo trabalhando sozinho, ou, só aceito se for o dobro, porque não compensa. A crítica parece dura, mas ela é necessária, porque o mundo moderno não vai perdoar essa displicência profissional e uma hora o mercado vai cobrar, e quem não investiu em si profissionalmente tende a ficar para trás, dependendo de “pingados” para viver.

Já comentei mais de uma vez que a qualificação terá que ser contínua e constante em nosso mercado moderno e, após a pandemia, virou mais que obrigação para quem quiser se manter vivo neste mundo corporativo. Devemos, urgentemente, incentivar os filhos, colaboradores, amigos, filhos dos amigos, nós mesmos e quem tivermos contato para aprender e se qualificar cada vez mais, senão, com certeza, o futuro empresarial não fará mais parte do nosso cotidiano e, daí, a falta de preparo não tem salário fixo, benefícios e nem 13º.

Paulo Slobodzian é CEO da Gente em Foco.

RepórterMT

 

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