Opinião

Recado a Javier Milei, El Loco, que quer distância de Brasil e China

Cada um sabe onde lhe apertam os calos

 

Ponha-se no lugar de Lula: alguém o ofende, chamando-o de corrupto, ladrão e comunista. Depois, perguntado se o convidaria para uma festa em sua casa, responde: “Se ele quiser aparecer, será bem-recebido”. Você iria à festa? Ou mandaria um representante?

Lula não irá à festa de posse no próximo dia 10 de Javier Milei, El Loco, presidente eleito da Argentina. Como Bolsonaro não foi à posse do peronista Alberto Fernández, que agora passará a faixa presidencial a Milei. Fernández não ofendeu Bolsonaro.

À época, foi Bolsonaro que ofendeu Fernández e sua vice Cristina Kirchner, chamando-os de “bandidos de esquerda”. Recusou-se a parabenizá-los pela vitória. No seu lugar, mandou para a festa de posse o general Hamilton Mourão, o vice-presidente.

Sem citar o nome de Milei, Lula parabenizou os argentinos pela realização de mais uma eleição genuinamente democrática, desejou boa sorte ao novo governo, e disse ter certeza de que Brasil e Argentina continuarão a se relacionar muito bem.

Falta Lula decidir quem o representará na festa de posse de Milei – se o vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, ou o embaixador do Brasil na Argentina. Bolsonaro irá à festa convidado pelo próprio Milei.

“Seria um grande erro diplomático para a Argentina cortar laços com grandes países como China ou Brasil”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Mao Ning. (Milei afirmou querer distância do Brasil e da China.) Mao observou:

“Nenhum país pode cortar relações diplomáticas e ser capaz de manter cooperação e comércio”.

Está dado o recado a Milei.

Ricardo Noblat é jornalista

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