Opinião

UM BRASIL QUE PRECISA DESAPARECER

Infelizmente, por mais que procuremos a paz, seja nas nossas próprias orientações pessoais, seja através de organismos e organizações dedicadas a esse tema, seja através da Igreja ou outras instituições democráticas e preservadoras de direitos, principalmente os humanos, temos nosso campo de intenções restritos a nós mesmos e a uma quantidade imensurável de seres verdadeiramente humanos que pretendem transformar o mundo num local onde se possa viver efetivamente em comunidade, em comunhão, em paz uns com os outros.
Os acontecimentos envolvendo os trabalhadores baianos no Rio Grande do Sul, descobertos como escravos (não me sujeito a essa definição: “condições análogas à de escravos…”) em vinícolas portentosas e que deveriam cumprir religiosamente os rituais da lei e do império do respeito ao ser humano é uma das facetas criminosas que demonstram o quanto ainda temos de percorrer para fazer deste país um cenário de tranquilidade e paz imorredoura a seus habitantes.
Em pleno século XXI, em que impera a modernidade, a comunicação em milésimos de segundos através de plataformas de contato imediato, de lançamento de informações – ainda que verdadeiras ou falsas, como tem ocorrido com muita insistência no país – de modernização das relações de trabalho, de tentativas de se haver um ponto comum e de aquiescência entre patrões e empregados, produtores e mão de obras, empresários
e assalariados, ainda vemos um Brasil determinado a manter em sua história e na sua vida a presença indesejável e criminosa da escravatura de seres humanos.

Ainda vemos entidades perseverarem na contramão da história, nas prática criminosas que afrontam o ser humano e retratam o menosprezo a ele, à vida, à saúde, ao império da lei e da
ordem.
Detentores do poder econômico se acham no direito ilegal de auferir desmedidos lucros escravizando seres humanos simples, humildes, sem formação, sem orientação e proteção mais amiúde e os transformam em mão de obra escrava, sob as mais absurdas ausências de condições do exercício da função e da correta e previsível salubridade, retirando-lhes direitos de habitação, alimentação, recebimento de salário pelos
trabalhos executados e impondo-lhes, concomitantemente castigos físicos, corporais, psicológicos, morais, sociais, familiares.
O que se registrou no Rio Grande do Sul é um corolário muito grande de práticas reiteradas de crimes contra a humanidade, contra o ser humano.
Uma violência às garantias fundamentais aos direitos do ser humano.
As vinícolas e seus prepostos devem ser punidas rigorosamente, ainda que queiram, sob as mais abjetas explicações eximir-se da flagrante responsabilidade pelos atos de banditismo praticados contra trabalhadores baianos.
Associado a essa afronta legal ainda temos de ver e ouvir um certo indivíduo, um tal Sandro Fantinel, vereador de Bento Gonçalves (RS) mas na verdade defensor da escravatura, contrário aos pretos, pobres, negros, baianos principalmente, se associar aos criminosos e render homenagens gritantes, latentes, prepotentes e criminosas à
xenofobia.
O Brasil precisa acabar com esses elementos que impulsionam o ódio, desrespeitam a democracia, propagam a divisão e desrespeitam as leis.
O Brasil precisa aprender a ser civilizado

Paulo Mattos

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