Do leitor

UMA HISTÓRIA DE ARREPIAR OS CABELOS

Ouvir histórias é sempre bom, estimula a imaginação, especialmente quando você ainda é uma criança, sabemos que uma história assombrada, pode virar realidade para uma criança, pois elas costumam ter imaginação fértil.

O hábito de contar histórias na minha família, começou, segundo meus pais, com os meus avós que moravam na zona rural, eles trabalhavam na agricultura e pouco frequentaram a escola, mas desenvolveram esse hábito peculiar, na casa humilde feito de barro e palha, porém muito aconchegante e espaçosa, onde a família se reunia, sempre após o jantar na imensa cozinha, para ouvir as histórias contadas por eles, filhos e netos iam se acomodando nos bancos de madeiras e tamboretes de couro ao redor fogão a lenha, que, juntamente com a lamparina a querosene ajudava a clarear o ambiente. Todos ficavam ansiosos para meu pai começar a contar suas histórias horripilantes, certa vez, me lembro que ele contou uma história sobre o Cundão Cererê, que segundo o narrador era um bicho muito grande que sempre aparecia a noite, para assombrar os moradores das fazendas, todo mundo nas redondezas, tinha medo desse bicho pois o mesmo era horrendo e emitia um uivo ensurdecedor, que estremecia até os mais corajosos, ele aparecia sempre após a meia noite.

Minha mãe tinha o hábito de fazer doces, que era servido depois do jantar como sobremesa, certa noite mamãe mandou eu e minha irmã mais velha, lavar os copos e as colheres para servir a guloseima, minha irmã tinha uns 10 e eu uns 7 anos nessa época, juntamos os copos e os talheres, pegamos uma lamparina para amenizar a escuridão da noite e seguimos em direção a caixa que servia como reservatório de água, onde a tarefa seria executada.

Na porta da entrada da casa, meu pai havia enterrado alguns pedaços de madeiras, eles formavam uma barreira, evitando que os animais entrassem dentro da casa, eu e minha irmã saímos por aquele engana bobo, discutindo qual de nós ia lavar mais rápido. Essa noite estava que era um breu só, a lamparina que levávamos nas mãos, clareava muito pouco e aquela luz amarelada aumentava ainda mais o nosso medo, estávamos muito envolvidas no serviço, que nem percebemos, que nossa mãe foi até o quarto abriu a janela devagarzinho e fez com a boca, huuurrrrrum sou o Cundão Cererê, quando ouvimos aquela voz que parecia vir de um pé de manga que tinha próximo, minha irmã saiu em desabalada carreira para dentro de casa, eu não vi mais nada!

Quando voltei a mim, estava agarrada aos pés do meu pai, me desmanchando em pranto, devido ao enorme susto que havia passado, meu pai e todos em volta me consolando.

Essa é uma, entre outras das muitas histórias que vivi na minha infância.

Criança é assim, escuta, fantasia, imagina e se deixa levar pela narrativa, na sua cabeça vira realidade, não importa o teor da história, ela nos enriquece como ser humano, preenchendo nossa vida de cultura, lazer e conhecimento.

 

Aldeny Alves Oliveira é graduada em Ciências Biológicas pela UFMT, graduação em Pedagogia pela FAERP.(Faculdade entre Rios do Piauí), pós-graduação em Saneamento Ambiental, pela Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, pós-graduação em Ludopedagogia pela Prominas, pós-graduação em Autismo pela Dom Alberto.

 

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