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Mateus Solano sobre sustentabilidade: “Uma vida muito mais repleta de sentido”

Ator tem tentado influenciar outras pessoas a mudarem seu movo de viver para uma rotina com mais consciência de consumo e ambiental

Mateus Solano tem uma rotina toda pensada na preservação ambiental e na redução dos impactos prejudiciais ao meio ambiente. Na casa que divide com a mulher, a atriz Paula Braun, e os filhos, Flora Benjamin, o ator reutiliza água da chuva, usa painéis solares para reduzir o consumo de energia e faz reutilização do lixo orgânico como adubo natural.

“Temos cada vez mais consciência daquilo que estamos consumindo. Buscamos saber de onde vem, qual o impacto no meio ambiente e na vida das pessoas que participam da cadeia de produção. Também reutilizamos água da chuva, temos painéis solares, fazemos compostagem das sobras dos nossos alimentos e em breve terei um digestor para transformar os alimentos que não entram na composteira em gás natural”, conta ele, que também tem um carro híbrido que o permite se locomover por propulsor elétrico. “Temos um carro híbrido. Vou ao trabalho e volto pra casa sem gastar uma gota de gasolina. Gasto 5 reais na conta de luz a cada recarga completa.”

Essa preocupação ambiental também guia sua carreira. Como ator, ele já aceitou papéis e declinou propostas de comerciais baseado em suas convicções. “Já deixei de ganhar dinheiro por não fazer comercial para grandes empresas poluidoras. Como ator, nunca precisei declinar nenhum papel por questões ambientais. Acho inclusive que os papéis servem para colocar as questões importantes de serem pensadas pelo espectador. Já aceitei papéis em projetos que faziam alerta socioambiental, por exemplo, como no curta-metragem Cadeia Alimentar”, relembra.

INFÂNCIA CONSCIENTE
Sua consciência sobre a questão ambiental começou a ser desenvolvida ainda na infância por sua mãe, Miriam Schenker. Ele ressalta a importância do ser humano entender que não é superior à natureza e aos outros seres vivos. 

“Minha consciência ambiental foi sendo desenvolvida desde que me entendo por gente, desde que minha mãe me ensinou que não sou o dono da natureza, mas parte dela. Depois foi aumentando mais com a minha crescente indignação com a humanidade tão cheia de si e tão desconectada da Inteligência – com I maiúsculo mesmo -, que nos fez possíveis. Temos muito que aprender com a natureza e seus sistemas de evolução e sobrevivência. No entanto, fomos criando outras realidades para viver e acreditar. Religiões e sistemas de crença nos colocaram como seres muito especiais a ponto de acharmos que não precisamos fazer nada para realmente sermos especiais. Acho que passou da hora de deixarmos de nos apresentar como bichos inteligentes e passarmos a agirmos como tal”, avalia.

Passar essa consciência ambiental para os filhos é um desafio que ele e Paula enfrentam diante de uma sociedade ainda tão refém do desperdício e do descartável. Os dois procuraram até ajuda de uma instituição de ensino que se enquadre na visão de vida que eles têm para poder oferecer uma base mais sólida sobre sustentabilidade para as crianças.

“É um trabalho constante porque por mais que a sociedade venha mudando, a cultura em que vivemos ainda é a do desperdício, a do plástico, a da poluição e a do consumo desenfreado, que não pensa nas suas consequências a curto, médio e longo prazo. Portanto, além de monitorar os hábitos dos meus filhos, eu e Paula também estamos ligados no que a escola oferece em matéria de sustentabilidade”, conta.

CONSUMO SUSTENTÁVEL
Desde 2018, ele também vem estimulando o consumo consciente e sustentável fora de sua casa por meio de sua loja A Muda. Criado em parceria com o padrasto, Jorge Barbosa, o negócio incentiva a produção de artesãos e microempresas em baixa escala, que transformam o que é considerado lixo em novos produtos.

“A Muda surgiu justamente dessa ideia de colocar dentro desse mundo capitalista e mercadológico uma semente de uma nova forma de consumir. Nossa forma de consumir é um dos principais vilões do futuro que a gente quer ter. Portanto, consumir consciente é um primeiro passo importantíssimo pra todo mundo. E a Muda vem com a ideia do comércio circular. Ela começou apenas com produtos reciclados, ou seja, produtos que já foram outra coisa e que se transformam. Como pneu, escama de peixe, rede de pesca ou restos da indústria têxtil que são transformados em bolsas, colares, brincos e pulseiras. A Muda é um comércio que, além de ser circular em seus produtos que são reciclados, também é circular porque incentiva pequenos produtores e artesãos do Brasil que trabalham transformando a matéria ‘lixo’ em alguma coisa que possa ser reutilizada como um produto ainda mais bonito do que era em sua origem”, explica.

Por causa da pandemia, a loja física foi transformada em 100% online. Pelo site é possível encontrar produtos de mais de 20 marcas ecológicas como colares e brincos de latas de alumínio descartadas da Africanize, sandálias femininas Joya da Terra, feitas com palmilha de fibra de coco recolhido nos quiosques da orla carioca, e óculos de sol de tubos de pasta de dentes triturados e transformados em placas, produzidos pela Sagui. Também há ainda produtos de higiene e limpeza doméstica veganos e naturais, livros educativos e objetos de decoração e brinquedos feitos com sucata ou materiais que seriam descartados em aterros sanitários.

“A pandemia teve um impacto tremendo em todo comércio, mas em especial, nos pequenos comerciantes como a Muda. Tivemos que fechar nossa loja física pela falta de movimento e a Muda agora funciona apenas pela internet. É a muda.eco.br. Mas sentimos visivelmente que a sociedade está caminhando para a sustentabilidade. Ainda é necessário entender que este é o único caminho possível. Se não o tomarmos em peso o quanto antes corremos o risco de não sobrevivermos como espécie. Um mundo sustentável é um mundo que se sustenta. Um mundo insustentável está fadado ao seu desaparecimento”, ressalta.

EVOLUÇÃO EMERGENCIAL
Por meio da hashtag #1gestomuda, Solano também estimula a mudança de hábitos em seus seguidores e fãs.

“Hábitos novos trazem olhares novos e esses olhares trazem novos hábitos naturalmente. Portanto, costumo usar a #umgestomuda e eu convido todos a escolherem um gesto na direção de um mundo mais sustentável para mudar na sua rotina. E tenho certeza que esse gesto vai abrir olhares para novos gestos que podem e que precisam ser adotados e que não tiram pedaço de ninguém, muito pelo contrário. Uma coisa que tenho percebido cada vez mais e que indico para todos é que, uma relação saudável com o meio ambiente e uma vida que caminha na direção da sustentabilidade é uma vida muito mais repleta de sentido, de harmonia, porque você de fato volta para seu lugar de parte da natureza, não de dono dela. E essa sensação de pertencimento não tem preço”, diz.

“Nosso maior desafio somos nós mesmos. Parar de apontar o problema no outro e passar a ser parte da solução. Nós somos responsáveis por aquilo que consumimos, as empresas são responsáveis por aquilo que produzem e os governos são responsáveis pelo cumprimento ou não de leis que colocam o meio ambiente em primeiro lugar. Repito que esse é o único caminho possível.”

PROJETOS
Solano tem dois projetos ligados ao meio ambiente que pretende realizar em breve. Um deles é conscientizar o cidadão, poder público e empresas sobre a questão do saneamento básico.  

“Tenho dois projetos na gaveta. Um seria acompanhar um caminhão de resíduos recicláveis durante um dia todo até seu destino final em alguma central de triagem e mostrar o trabalho dos profissionais e o destino daquilo que descartamos corretamente. O outro projeto se chama #praondevaiomeucocô. A ideia é reunir todo tipo de celebridade fazendo fotos em suas privadas com a hashtag pra chamar a atenção do poder público, das empresas e do cidadão para a questão do saneamento básico”, conta.

Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN.

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