Do leitor

O estouro da bolha

Por: Sah Silva e Hermélio Silva

Foto: Fabricio Corrêa

Maria e Pérola eram duas amigas, na verdade nunca souberam definir se eram amigas, irmãs ou uma pessoa só. A ligação era muito forte, habitavam um mundo exclusivo, só delas, numa bolha intransponível e única.
Pérola protegia Maria, e a segunda guardava isso na sua memória para não se perder. Foram momentos sem descrição, desde as conversas de jovens, banhos de igarapés, o conhecimento do corpo, as durezas da vida, as intrigas, ciúmes e até a possibilidade de Pérola mudar de cidade para cursar a faculdade era imensa, e isso aconteceu.
Maria não saberia viver fora daquela bolha, ela nunca teve proteção de ninguém, que não fosse sua amiga Pérola. Ela lembra de tudo que aconteceu, nos mais simples detalhes. Como andarem de mãos dados nas calçadas, às vezes, uma na calçada e a outra no seio da rua, tomar banhos de chuva mesmo tendo um guarda-chuvas ao alcance das mãos, saborear o pastel de palmito na feira, com Coca-Cola, e até escolher as roupas para sair às compras.
Foi Pérola bater asas. Ficou Maria, mas com o pé direito fora da bolha.

                             Sah Silva                                               Hermélio Silva

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